sexta-feira, maio 09, 2008

Almeida: realça importância da linha ferroviária da Beira Alta

A Câmara Municipal de Almeida promove hoje, em Vilar Formoso, duas iniciativas com o objectivo de realçar a importância da linha ferroviária da Beira Alta no desenvolvimento do concelho.
As iniciativas consistem, segundo o presidente da autarquia, António Baptista Ribeiro, num colóquio sobre "O caminho-de-ferro e a Linha da Beira Alta" e na inauguração de uma exposição temporária sobre aquela via ferroviária de ligação à Europa, no pavilhão multiusos da vila fronteiriça.
"A economia de Vilar Formoso sempre esteve ligada ao caminho-de-ferro e o grande desenvolvimento da vila deveu-se à fronteira e ao caminho-de-ferro que outrora teve uma grande dimensão, nomeadamente ao nível de passageiros", disse hoje à Lusa o autarca de Almeida.
A contribuição do caminho-de-ferro para o desenvolvimento da região e outras "memórias ferroviárias" são assuntos a abordar pelos oradores convidados, com destaque para os investigadores Adriano Vasco Rodrigues e António de Sousa Júnior, frisou.
O autarca recordou que o comboio chegou a Vilar Formoso no dia 04 de Agosto de 1882 e que durante décadas muitas famílias do concelho, nomeadamente de Vilar Formoso e Aldeia de S. Sebastião "estavam ligadas ao caminho-de-ferro".
A linha foi electrificada em meados dos anos noventa do século passado, lamentando António Baptista Ribeiro que Espanha "não tivesse feito a mesma aposta com a electrificação até Medina Del Canto", situação que espera ver corrigida a curto prazo.
Recordou que a linha-férrea "sempre teve um relevo de destaque a nível de mercadorias" e que na actualidade continua a transportar muitos passageiros na ligação entre Lisboa e as diversas capitais europeias, embora reconhecendo que a linha "já não tem o movimento de outrora, quando entravam em Portugal milhares de emigrantes vindos de França e da Alemanha, transportados por vários comboios diários, sobretudo nos períodos do Natal e do Verão".
A Linha da Beira Alta também está associada ao antigo cônsul de Portugal em Bordéus, Aristides de Sousa Mendes, que entre os dias 17 e 19 de Junho de 1940, assinou 30 mil vistos para salvar pessoas do holocausto nazi, contrariando as ordens do Governo de Salazar, situação que o levaria à expulsão da carreira diplomática.
Os refugiados entraram em Portugal de comboio, por Vilar Formoso, um acto que foi recordado no ano passado, pela Região de Turismo da Serra da Estrela e pela Câmara Municipal de Almeida.
O cônsul português foi condecorado como cidadão honorário do Município e foi descerrada uma lápide de homenagem na estação ferroviária local.
Na sexta-feira, pelas 14:30, no âmbito da divulgação da actividade do embaixador Aristides Sousa Mendes será inaugurada em Vilar Formoso, uma exposição sobre a Linha da Beira Alta.
A mostra, que ficará patente ao público até 30 de Outubro, será constituída por fotografias do Arquivo Histórico da CP e por peças cedidas pela Fundação do Museu Nacional Ferroviário, placas de comboios, faróis de cauda e instrumentos de via, segundo os promotores.
"É uma exposição temporária mas estou a envidar esforços para conseguir através de concessão ou de aquisição, transformar um ou os dois armazéns da CP [na estação de Vilar Formoso], que estão degradados, para que ali seja instalado um museu alusivo ao caminho-de-ferro, uma exposição permanente e um memorial dedicado a Aristides de Sousa Mendes", disse o presidente da Câmara de Almeida.
António Baptista Ribeiro explicou à Lusa que a ideia para a realização de iniciativas ligadas ao comboio, surgiu no dia 04 de Agosto de 2007, quando a autarquia inaugurou o pavilhão multiusos de Vilar Formoso, assinalando os 125 anos da inauguração da Linha da Beira Alta até Vilar Formoso.

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